A adolescência é um período marcado por muitas mudanças e sentimentos confusos, e ao mesmo tempo em que o indivíduo se sente mais maduro para se expressar e posicionar, sente-se vulnerável em outras áreas, sendo desafiador para os pais saber como lidar com filhos rebeldes na adolescência.
A agressividade e a rebeldia podem vir neste período, sendo um tipo de fuga ou máscara para sentimentos e pensamentos mais profundos, questionamentos e medos, os quais o adolescente ainda não sabe lidar.
O que você vai encontrar nesse artigo:
Quais são as características de um filho rebelde na adolescência?
Cada adolescente é único, mas algumas características são unânimes nessa fase de rebeldia, como:
- Não sentir-se facilmente satisfeito
- Entediar-se fácil no dia a dia
- Não ter medo de castigos
- Explodir na frente dos pais e parentes
- Exigir algo que não está ao alcance de sua realidade, e quando confrontado com isso e mostrada a impossibilidade (como uma roupa muito cara para a situação financeira da família), alterar-se e ter comportamentos às vezes imprevisíveis
Geralmente são questões da própria fase e sabendo lidar com a pessoa, as manifestações passam com o tempo, em que vai adquirindo maturidade, entretanto, caso piore ou surtos e acontecimentos fiquem mais frequentes, até mesmo colocando a integridade do adolescente em risco.
Não hesite em buscar ajuda psicológica especializada.
Por que os filhos ficam rebeldes?
A verdade é que não existe um motivo único e certeiro, e sim um conjunto que, uma vez misturados, podem levar a rebeldia e um comportamento agressivo. Alguns desses motivos são:
Lares e pais inflexíveis
O autor Ross W. Greene, em seu livro “A Criança Explosiva”, explica que ao tentar controlar o comportamento, gostos, preferências e convicções dos filhos, com uma enorme lista de regras, é a forma mais ineficaz de manter as rédeas dentro de casa, já que nesta faixa etária os adolescentes costumam confrontar tudo que lhe é apresentado para chegar ao cerne de cada situação de que lhe é ditada.
O principal entendimento que deve estar na mente dos pais, de acordo com o autor, é que o filho não é posse ou controle dos mesmos, e sim alguém que veio para agregar a família e ser instruído.
Claro, isso não deixa de lado a necessidade de corrigir, mas manter o controle absoluto sobre um ser humano independente de você não é a melhor ideia.
Tabus religiosos ou de família
Alguns adolescentes, com o passar do tempo, despertam uma das características mais presentes desta fase, que é o questionamento de tudo.
Muitos se sentem desconfortáveis com as crenças e práticas com que convivem dentro de suas casas, e um exemplo são religiões com muitas restrições. Pais inflexíveis, que não permitem o diálogo sobre os dogmas e uma escolha consciente por parte do adolescente, abrem margens para uma rebeldia ainda maior.
De maneira alguma a religião é considerada algo ruim e é desaconselhada, porém, quando vira algo impeditivo e tóxico na vida das pessoas, precisa ser reconsiderada.
No ambiente familiar, sendo atrelado ou não a religiosidade, existem os tabus: meninos podem ficar na rua que não pegam doença (o sereno causa sintomas de resfriado, mas se é menino, não pega), mulheres precisam sentar de perna fechada e não podem dormir fora de casa.
Falas perpetuadas de geração em geração criam crenças errôneas, que muitas vezes causam revolta nos adolescentes, que param para pensar no porquê. Logo, se faz de extrema importância que seja reavaliado no lar as crenças que vêm sendo reforçadas, se não são injustas com os filhos.
Permissividade e falta de pulso
Alguns adolescentes, mas este comportamento é inerente ao ser humano em determinados momentos, ignoram as regras para ver até onde irão sem serem punidos ou com os pais fazendo vista grossa.
Esse comportamento, por parte dos pais, mostra a falta de pulso e que não conseguem manter o que foi acordado. Por parte do adolescente, é uma forma de testar se os pais estão prestando atenção em suas ações.
O que fazer para lidar com um filho adolescente?
Neste momento é necessário muito jogo de cintura e análise dos pais para entender como lidar com o seu filho, que é um ser único, de identidade original, com sonhos, medos e preferências que o fazem ser quem é. Entretanto, algumas dicas servem para lidar com a rebeldia na puberdade como um todo, como:
Seja claro
Adolescentes precisam de uma linguagem clara e objetiva, sem rodeios e sem cláusulas de condições, como aquelas de letrinhas pequenas em um contrato, que se não são lidas causam muita dor de cabeça.
Por isso, antes de começar uma conversa com um adolescente, tenha em mente o que realmente é importante para a família e quais limites gostaria de impor.
Evite o confronto
Confrontar na hora em que o sangue está correndo quente nas veias pode causar muito arrependimento quando tudo esfriar. Palavras duras podem ser proferidas, tanto pelos pais como pelo adolescente, que no fundo, só quer ser compreendido, e que os pais, no fundo, só querem manter os limites bem definidos.
Logo, não fuja da conversa, mas explique com firmeza que, assim que todos estiverem calmos, a conversa será inevitável. Lembrando que conversas não são interrogatórios ou hora de lavar roupas sujas, e sim um diálogo para entender o que está acontecendo.
Como educar adolescentes rebeldes?
Cumpra o que prometeu
Doa o que doer, cumpra o que foi prometido.
Caso seu filho tenha feito algo contra sua recomendação, mesmo sabendo que isso acarretaria consequências, não deixe de cumprir o que foi dito, dizendo: “desta vez eu vou deixar passar, mas na próxima…”.
Isto abre uma brecha enorme para os adolescentes construirem uma imagem errada dos pais, já que a exceção foi aberta uma vez sem motivo algum, das próximas vezes será assim também.
Não parabenize as obrigações, mas sim o modo de fazer ou os avanços
Explicado também pelo psicólogo Ross W. Greene, é equivocado da parte da sociedade aplaudir adolescentes lavando louça, recolhendo o lixo, varrendo a casa, fazendo os deveres de casa ou mantendo seu quarto limpo: além de uma responsabilidade, todos devem contribuir para que a casa continue funcional.
Esse tipo de atitude não deve ser aplaudida, e sim o modo de fazê-las.
Por exemplo: se seu filho é resistente a lavar a louça, e depois de uma conversa séria ele deixou a pia limpa e guardou tudo após lavar, reconheça o ato com “que alívio chegar em casa e ver tudo guardado. Obrigada, filho!”.
Pequenos reconhecimentos e elogios que mostram que o adolescente é útil servem como combustível e servem também como elo entre filhos e pais.
Coerência é a chave
A célebre frase “faça o que eu digo, não faça o que eu faço” não funciona nem com crianças, nem com adolescentes.
Eles continuam tendo os pais e algumas pessoas a sua volta como fonte de inspiração e modelo, logo, seja coerente nas ações e palavras, pois no momento em que algo for cobrado do adolescente e ele questiona a cobrança, falando que vê o contrário acontecendo, não será fácil sair da situação.
A jornada da adolescência, tanto para o próprio adolescente como para os pais, é bastante desafiadora.
Quando comportamentos rebeldes e agressivos começam a se manifestar, é mais uma fase do crescimento e amadurecimento, pois em diversos momentos será nítido por parte do jovem seu posicionamento sobre o que acredita e como vê o mundo.
Com a presença dos pais, da família, amizades saudáveis e saber que sempre terá com quem contar ou desabafar sem represálias, esta caminhada fica muito mais suave!